A noite desta segunda-feira, 24 de novembro, marcou um capítulo histórico para a educação de Assis e para o próprio Legislativo municipal. Durante a 41ª sessão, realizada no anfiteatro da FEMA, espaço que vem recebendo as reuniões devido à interdição parcial do prédio da Câmara, afetado por obras e danos ocasionados pelas fortes chuvas recentes, os vereadores aprovaram por unanimidade o Projeto de Lei nº 125/2025, de autoria do vereador João da Silva Filho,Timba (PRD), que oficializa a instituição como Fundação Educacional do Município de Assis “José Santilli Sobrinho”.

A escolha do local deu ao momento um significado especial: a votação ocorreu no mesmo espaço que nasceu da visão de Santilli, idealizado durante sua gestão como prefeito e transformado em um dos maiores legados educacionais da cidade.

A família de José Santilli Sobrinho esteve presente e acompanhou a sessão de perto. Entre eles, o filho Márcio Santilli, que assistiu à aprovação da homenagem diretamente do plenário montado no anfiteatro. O encontro emocionou os presentes e evidenciou a força simbólica de reconhecer oficialmente, através da lei, a trajetória de um dos principais nomes da história de Assis.


(Família de Santilli assistiu a sessão no anfiteatro da FEMA - Foto: Matheus Dorácio)

A exposição de motivos do projeto recupera em detalhes a biografia de Santilli. Nascido em 1922, em Mineiros do Tietê, mudou-se ainda jovem para Assis, onde iniciou seus estudos no Grupo Escolar Dr. João Mendes. Ao longo da vida acadêmica, passou por instituições renomadas, formou-se pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Paraná e pela Escola Superior de Educação Física do mesmo estado, além de concluir estudos na Escola Superior de Guerra. Atuou como professor, comerciante, industrial e pecuarista, construindo uma trajetória multifacetada.

Santilli iniciou sua vida política como deputado estadual, sendo eleito por três mandatos entre 1955 e 1966. Depois, tornou-se deputado federal em 1966 e foi reeleito por mais três períodos consecutivos (1970, 1974 e 1978). Durante sua atuação em Brasília, integrou comissões importantes e, em 1979, representou o Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), ampliando sua relevância nacional.

Em 1982, retornou à política municipal e foi eleito prefeito de Assis, exercendo mandato entre 1983 e 1988. Voltaria ao cargo em 1992, consolidando-se como uma das figuras mais influentes da história administrativa local. Foi durante seu primeiro mandato que lançou as bases da FEMA. Naquele momento, a cidade carecia de formação técnica e superior na área de Informática, que despontava como exigência do desenvolvimento tecnológico. Santilli percebeu essa lacuna e teve a coragem política de criar a fundação que mudaria o panorama educacional da região. O IMESA, primeira unidade mantida pela FEMA, iniciou oferecendo cursos de Informática e Matemática, tornando-se referência regional.

Sua contribuição ao município extrapolou a educação. Na saúde, foi responsável pela estadualização do Hospital Regional de Assis e pela implantação de postos de saúde. Na cultura, fundou a Fundação Assisense de Cultura (FAC) e reabriu o cinema da cidade. Investiu fortemente em infraestrutura, com melhorias no asfalto, no saneamento e na iluminação pública. Na área de segurança, viabilizou a instalação de um batalhão da Polícia Militar e de um posto do Corpo de Bombeiros. Seu legado se espalha por diversas áreas da vida pública assisense.

Santilli faleceu em 18 de abril de 2006, deixando uma marca profunda na cidade. Antes mesmo deste projeto, o Conselho Curador da FEMA já havia deliberado, em 2005, pela denominação do campus com seu nome. Agora, com a aprovação unânime da proposta apresentada por Timba, essa homenagem se torna lei municipal, preservando de forma permanente a memória do fundador e reconhecendo oficialmente sua importância para a educação e o desenvolvimento de Assis.

Márcio Santilli, usou a palavra na tribuna, onde pode agradecer aos vereadores e relembrar a trajetória do pai.

"Gostaria de agradecer do fundo do meu coração essa iniciativa do vereador que foi acolhida unanimemente e tenho certeza de que meu pai, de onde estiver, estará muito orgulhoso desse reconhecimento", destacou.

Com o projeto aprovado, o texto segue para sanção. Uma vez publicado, o nome “José Santilli Sobrinho” passa a integrar definitivamente a identidade da instituição que ele idealizou, num gesto que reforça a continuidade de seu legado e celebra sua contribuição singular para a história do município.

Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Assis